segunda-feira, 13 de agosto de 2012

“A Intuitiva” de Hannah Howell

Sinopse: “Alethea Vaughn, é uma viúva de 20 anos que desde os 5 tem visões do futuro e entre elas, ao menos uma vez por ano, tem visões de momentos passageiros da vida de Hartley Greville. Alethea nunca havia conhecido este homem, mas mesmo assim acompanhou pequenos trechos de sua vida, vendo-o transformar-se de um jovem desengonçado a um homem. Todo o conflito começa a surgir quando a jovem viúva tem uma visão de Hartley sendo sequestrado e assassinado e resolve ir para Londres impedir que esta visão se concretize. Em Londres fica com o seu tio Iago Vaughn (que consegue ver fantasmas) e este após alguma relutância apresenta-a num baile ao marquês Hartley Greville. Hartley trabalha para o governo como investigador, e como grande conquistador costuma seduzir mulheres para conseguir informações. Sua atual missão era seduzir Claudete e fazê-la confessar seus crimes. O governo suspeitava que a jovem dama e sua irmã escolhiam seus amantes com cuidado, homens com ligação no governo. Claudete e Magarete eram traidoras da coroa, que matavam e passavam informações para a França, e foi estas que Alethea viu serem as causadoras da morte de Hartley. Alethea também descobriu que os dois sobrinhos mais velhos de Hartley não morreram em um terrível massacre ocorrido há três anos no litoral francês, como todos acreditavam. Descobriu que por milagre conseguiram fugir. Agora restava encontrá-los.”

O terceiro livro de Hannah Howell traz-nos mais uma protagonista corajosa que vai enfrentar muitos perigos para conseguir salvar o seu amado. É mais um livro onde honra e coragem estão bem representados, tal como nos anteriores. As minhas partes preferidas são as que envolvem os sobrinhos desaparecidos de Hartley, pois é o que o torna diferente das histórias anteriores desta saga. Traz-nos mais uma vez uma história de amor entre os protagonistas e a união das famílias Vaughn e Wherlocke. Continua a ser um livro interessante, se bem que achei os dois primeiros mais empolgantes. Não significa que não seja uma história interessante, como nos outros livros continuamos a ficar presos à leitura, curiosos, sempre com alguma expectativa, mas confesso que o meu livro preferido desta saga é mesmo o segundo “A Sensitiva”.

sábado, 4 de agosto de 2012

“O Meu Diário de Guantánamo” de Mahvish Rukhsana Khan

Sinopse: “É fácil maltratar uma coisa chamada n.º 1154. é fácil rapar-lhe a barba, dar-lhe pontapés como se fosse um objecto, cuspir-lhe, torturá-la e fazê-la gritar. Já é mais difícil praticar esses abusos quando o n.º1154 conserva a sua identidade: o Dr. Ali Shah Mousovi, um pediatra que fugiu dos talibãs e que trabalhou para as Nações Unidas encorajando os afegãos a participar e a votar na nova democracia. É mais difícil odiar o n.º1154 quando nos apercebemos de que tem mais coisas em comum connosco do que diferenças. A sua mulher, economista, espera mês após mês, ano após ano, pela notícia do regresso do marido; os seus dois filhos e a sua pequena filha crescem sem ele.

Os números negam a qualidade humana aos indivíduos a quem são atribuídos: n.º 1009, n.º1103, n.º 902, n.º 0002, n.º 1021, n.º 693, n.º 0004, n.º 345, n.º 560, n.º 928, n.º 953…

É fácil percorrer os números. Há centenas deles.” Mahvish Khan

“No decurso de mais de trinta viagens a Guantánamo, Khan criou laços inesperados com os mesmo homens a quem Donald Rumsfeld chamou «os piores entre os piores». Os prisioneiros rapidamente retribuíram a sua amizade, oferecendo-lhe conselhos paternais, bem como uma visão pessoal única da sua situação e da situação das famílias, a milhares de quilómetros de distância.
Com o passar do tempo, Khan começou a interrogar-se se estariam realmente em Guantánamo os mais perigosos inimigos da América. Mas, independentemente da inocência ou da culpa de cada prisioneiro, estava determinada a preservar o seu direito mais fundamental, o direito a um julgamento justo.
Para Mahvish Rukhsana Khan, a experiência foi a confirmação da sua herança afegã, bem como das liberdades que tem enquanto americana, que lhe permitiram intervir em Guantánamo simplesmente por entender que era o mais correcto.”


Este livro traz-nos diversas histórias de presos que se encontram em Guantánamo que supostamente são os mais perigosos inimigos da América e da cultural ocidental. Porém quando vamos lendo as suas histórias não conseguimos acreditar que estes possam ser os mesmos homens que colocam em perigo a nossa sociedade. Começou logo pelo primeiro prisioneiro que Mahvish encontrou em Guantánamo, um pediatra que foi preso porque voltou para o Afeganistão e começou a concorrer a um cargo político e os seus opositores simplesmente denunciaram-no como um associado aos talibãs. E muitas mais histórias desse género são contadas ao longo do livro, em que as pessoas viram que podiam ganhar dinheiro denunciando os seus inimigos às tropas americanas, pois “(…) durante a guerra (…) o exército americano largou milhares de panfletos sobre o Afeganistão, prometendo recompensas entre 5000 e 25000 dólares a quem denunciasse membros dos talibãs e da al-Queda. (…)”. O problema não é só a oferta de recompensas, o problema ainda maior é que bastava alguém denunciar para que a pessoa fosse imediatamente presa e não era feita nenhuma investigação para verificar se a denuncia era correcta ou só alguém a se aproveitar para ganhar dinheiro. Faz-nos recuar aos nossos próprios tempos de fascismo em que as pessoas denunciavam vizinhos, parentes e todas as pessoas que ousavam dizer algo contra o regime. Porém isto passa-se num país livre, democrático. Um que tem como base fundamental da sua formação a liberdade.
Para além destas prisões infundadas é ainda pior o regime em que os presos são mantidos, com interrogatórios constantes, torturados das mais diversas maneiras e sem terem direito a um julgamento, pois podem ficar detidos por tempo indefinido sem serem acusados de nenhum crime. Eu não posso dizer que seja totalmente contra a politica de defesa dos americanos, pois é fácil falar quando não é o nosso país nem o nosso povo que está a ser atacado de forma sistemática em que morrem muitos inocentes, porém penso que antes de fazerem seja o que for deveriam de verificar se realmente os detidos são terroristas ou apenas pessoas que queriam um país melhor e por terem tentado melhorar o seu país ou por não terem concordado com alguém eram denunciados e presos, torturados e enviados para Guantánamo.
Faz-me muita confusão como os direitos humanos são postos de lado, bem como nenhuma organização consegue realmente fazer pressão para que os presos que são acusados injustamente sejam libertados. Como uma violação clara da Convenção de Genebra não tem qualquer repercussão contra os Estados Unidos da América.
Mahvish Rukhsana Khan é para mim uma mulher de coragem, pois decide viajar para o Afeganistão, apesar de toda a pressão familiar para que não vá, pois é um país instável e em guerra, para conseguir provar a inocência dos seus clientes, arranjar provas de como não possuem ligações nem aos talibãs nem a al-Queda.

Um livro triste e comovente que nos mostra uma realidade que nos é vedada. Uma leitura rápida e contagiante, da primeira à última página. É triste, revoltante, que nos faz pensar se realmente é permitido todas aquelas torturas. Se o mundo não deveria de se erguer e pedir um basta a esta violência, que só me relembra a Segunda Guerra Mundial, das torturas que os nazis aplicavam aos judeus. E de como é mais fácil olharmos para o lado do que fazer alguma coisa. Um livro que todos devemos ler e reflectir.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

“Memórias do meu cativeiro” Clara Rojas


Sinopse:“A 23 de Fevereiro de 2002, Clara Rojas, directora de campanha de Ingrid Betancourt pelo Partido Verde Oxigénio, é raptada, juntamente com esta, durante uma visita ao interior do país, pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Propuseram-lhe a liberdade, estavam mais interessados em Ingrid, mas Clara não aceitou abandonar a amiga, pensou que as libertariam dali a um mês ou dois…Dias que se transformaram em anos, seis anos na selva colombiana, até à sua libertação a 10 de Janeiro de 2008. Seis meses depois, Clara Rojas decide contar a sua experiência infernal num livro, este livro, Memórias do Meu Cativeiro. A vivência forçada na selva, num clima húmido, selvagem e escuro, a falta de comida, a privação de intimidade e higiene, os conflitos, as tentativas de fugas, a hostilidade e a crescente tensão que surge, não só dos guerrilheiros, mas também dos conflitos entre reféns. Mas na história de Clara surge um capítulo único, que emocionou o mundo. Clara engravida de um guerrilheiro. Clara vê-se obrigada a fazer uma cesariana no meio da selva sem assistência médica nem medicamentos. Apesar das dificuldades, nasce Emmanuel. Mas, oito meses depois, as FARC separam-na do filho e, durante três anos, vive sem notícias do seu paradeiro. A sua libertação e o reencontro com o filho e a família marcam o recomeço de uma vida ao encontro de uma normalidade esquecida durante seis anos. «Em parte continuo a ser a mesma, mas com uma cicatriz no ventre e uma marca muito profunda no pensamento e no coração».”

Quando comprei este livro tive uma percepção diferente do que é na realidade. Apesar de ser um livro com um tema que nos faz pensar que deve ser muito empolgante, ele desilude um pouco. Dá-nos mais um dia a dia do que se passa nos acampamentos das FARC bem como das emoções por que passava Clara Rojas, porém não quer explicar como engravidou, e opta também em não falar sobre os conflitos que haviam entre os reféns. Ao lermos o livro também verificamos que não havia hostilidade dos guerrilheiros contra os reféns de uma maneira geral, pois são alimentados (dentro das posses dos acampamentos, pois há alguns que tem mais variedade de comida que outros), podem fazer a sua higiene pessoal, sendo-lhes dado escova de dentes, pasta de dentes, champô, e dão-lhes mesmo baralhos de cartas, jogos de xadrez e até rádios que podem utilizar, com alguma restrição, para ouvirem as notícias e as mensagens que os seus familiares dizem através das estações de rádio. Acaba por ser um livro com um tema forte. É, claro, uma provação muito difícil passada pela autora. Seis anos numa selva húmida, longe da luz do sol, sobrevivendo em condições precárias, mas esperava um historia diferente...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

"A Sensitiva" de Hannah Howell

Sinopse: “Penélope Wherlocke Hutton-Moore, após a morte de sua mãe, foi expulsa para o sótão da mansão de sua família, por Charles e Clarissa, seus meios-irmãos (na verdade são apenas filhos do homem com quem a sua mãe se casou). Como o seu pai tinha tido dois filhos fora do casamento e quando a sua mãe se casou novamente estes foram proibidos pelo actual marido de viver com eles, uma tia arranja-lhes uma casa e é Penélope que cuida deles, e ao longo dos anos os seus familiares vão deixando lá na casa os seus filhos bastardos. A casa que é designada de a Toca dos Wherlocke.
Uma noite quando está a voltar da Toca dos Wherlocke para o seu sótão é sequestrada e arrastada para um famoso bordel de Londres e, para seu desespero é drogada para que consigam vender com facilidade sua virgindade. Penélope tem o dom de falar com gente morta e, por isso, descobre que alguma pessoa morreu no bordel
Os amigos de Ashton, em virtude de seu iminente casamento, resolvem presenteá-lo com uma noite com uma das meninas do bordel. E o levam justamente para o quarto de Penélope, que fica espantada ao ver o noivo de sua meia-irmã entrar, principalmente porque sempre teve um sentimento por ele. Ashton fica extasiado com a beleza de Penélope. Porém os irmãos e primos de Penélope chegam a tempo para salvá-la e Ashton percebe que ela não é uma prostituta e, sim, a filha pobre e sem posses de um marquês.
Ashton ficou apaixonado por Penélope mesmo sem o admitir mas tem um problema: falta de dinheiro. Ele precisava com urgência se casar com uma mulher rica para poder proporcionar uma vida decente para sua mãe e irmãs. E a única solução que tinha arranjado era casar-se com a meia-irmã de Penélope.
Mesmo sabendo que não poderiam ficar juntos, Ashton resolve proteger Penélope, ainda mais quando novos atentados contra a vida dela acontecem. E isto faz com que fiquem ainda mais próximos e decidam se levar pelo amor que sentem.”

Trouxe-vos o segundo livro da saga das famílias Wherlocke e Vaughn, e se o outro já achei interessante, este bate o primeiro. É um livro super interessante, que nos prende às suas páginas do princípio ao fim. Sentimo-nos ligados a Penélope por ser uma mulher corajosa e lutadora que apesar de se vergar perante os meios-irmãos, cuida de uma série de crianças praticamente sem ajuda monetária de nenhum dos familiares das crianças (perto do final vemos que os familiares mandavam dinheiro mas que este era desviado pelo meio-irmão), e mesmo assim consegue dar uma boa educação às crianças. Aqui vemos muitos dos dons que são comuns na família, desde ver e comunicar com fantasmas, a conseguir prever o futuro, ler mentes, mexer objectos apenas com o poder da mente, conseguir criar tormentas, entre outros. É igualmente uma história de amor e uma defesa da honra, principalmente quando os amigos e o Ashton se juntam para proteger Penélope dos atentados contra a sua vida e também quando decidem ajudá-la e dar paz aos fantasmas das pessoas que morreram no bordel às mãos da dona deste. Mais uma vez as personagens passam por uma série de aventuras até conseguirem chegar ao fundo da história, o que só nos faz querer ler mais e mais para saber o que vai acontecer a seguir.
Agora é esperar pelo próximo livro da saga…

sábado, 21 de julho de 2012

“O Diário da Nossa Paixão” de Nicholas Sparks

Sinopse:“Todas as manhãs ele lê para ela de um caderno desbotado pelo tempo, uma história de amor que ela não recorda nem compreende. Um ritual que se repete diariamente no lar de idosos onde ambos vivem agora. Pouco a pouco, ela deixa-se envolver pela magia da presença dele, do que ele lhe lê, pela ternura dele…E o milagre acontece. A paixão renasce, transpõe o abismo do tempo, o abismo da memória, e por instantes ela volta para ele… Apesar da doença. Mas haverá mais.
Todos os dias, ele lê-lhe a história de um simples rapaz sulista e de uma rapariga destinada a brilhar na high society. A primeira paixão, clara como uma manhã orvalhada de maravilha e descoberta. Afastados depois pela impiedosa exigência do abismo que os separa. Catorze anos mais tarde, ele é um sobrevivente de guerra e ela está a poucos dias de tornar-se a mulher de um outro homem. Mas volta por uma necessidade imperiosa de o rever. O reencontro traz de novo toda a magia. Terá o amor poder suficiente desta vez?
Mas haverá mais. Sempre.”

Este livro conta-nos a história de amor de Noah e Allison. A história é contada através de Noah, das suas lembranças e palavras. Uma história que começa na adolescência, em que são separados pelas diferenças sociais, pois Noah é pobre e Allison era uma rapariga rica, e com um futuro em que se deveria de casar com alguém da mesma posição social que ela. Após a sua separação passam catorze anos até se voltarem a encontrar, e ainda que Allison estivesse quase a se casar decidem ficar juntos apesar das diferenças sociais. Porém o livro leva-nos depois para os anos de idosos do casal, em que Allison sofre de Alzheimer e num estado já avançado em que já não reconhece Noah nem se lembra da sua história de amor. Vemos um homem com uma força de vontade e de amor, que todos os dias lê a mesma história para ela como se de outra personagem se trata-se e não da própria vida de Allison. E nos dias bons ela lembra-se e podem aproveitar umas horas na companhia um do outro, noutros ela volta-se a apaixonar por Noah, e nos dias maus, ela não reconhece nada nem consegue assimilar aquilo que Noah lhe lê.
Um livro de amor, esperança, companheirismo e devoção total à pessoa amada. Um livro que nos faz chorar e querer viver um amor assim. Mostra-nos também a doença Alzheimer, e o que ela acarreta. Este livro faz-nos ver que esta doença causa sofrimento não só à pessoa que a têm, mas também a todos a que a rodeiam.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

"A Vidente” de Hannah Howell

Sinopse:“Na Inglaterra do século XVIII iremos conhecer Chloe Wherlocke, uma rapariga com o dom da visão que prevê a morte da irmã no parto e um plano macabro para trocar o bebé morto da sua irmã por o filho do Conde de Colinsmoor e corre para tentar socorrer, mas não consegue chegar a tempo de salvá-los. Chloe decide seguir o desejo da irmã e salva o bebé levando-o para Londres, para a casa do seu primo Leopold que trabalha para a Coroa como espião. Decidem criar o bebé até que o Conde esteja preparado para saber a verdade. Depois de Conde Julian descobrir quem é a sua mulher, entrega-se a uma vida de boémia e começa a frequentar bordeis, porém sofre vários atentados contra a sua vida, pois sem um herdeiro a sua morte traria benefícios principalmente para aquele que assumiria o seu título.
Consciente do perigo cada vez mais perto Chloe precisa salvar a vida de Julian e contar toda a verdade sobre o seu filho. Mas ao se aproximar dele ela percebe que existem outros sentimentos que a aproximam de Julian. E agora ele precisa acreditar na conspiração contra sua vida, que tem um filho e nas visões daquela interessante mulher.”

Quando comecei a pesquisar sobre este livro li algumas criticas de que o livro não era muito interessante, meio sem graça, uma leitura aborrecida. Fiquei sem saber se deveria de ler ou deixar por ler, porém a minha curiosidade levou a melhor e resolvi arriscar, se não gostasse nas primeiras páginas desistia. Como gosto de livros contemporâneos e ainda mais com a adição do sobrenatural pensei que iria valer a pena experimentar. O livro revelou-se totalmente contrário às críticas que tinha lido. Achei bastante interessante a história, a escrita também é de boa leitura, o que torna um livro bom de ler. A história deixa-nos apaixonadas pelo pequenino Anthony, filho de Julian, bem como pelo amor se surge entre Julian e Chloe. Vê-se uma história que defende a honra (já não muito levada em conta nos nossos dias), e a coragem para enfrentar os desafios que ocorrem a Chloe e a Julian para garantir que os planos do seu tio e da sua mulher não consigam ter sucesso. Como ele é o primeiro livro de um conjunto de livros sobre as famílias Wherlocke e Vaughn que envolve sempre familiares com algum dom especial, mal posso esperar por ler os outros livros.
Os livros desta colecção foram-me mandados do Brasil por uma prima minha. Acho que não existem ainda cá.

“Tempo Roubado” de Sunny Jacobs

Sinopse:“Em 1976, uma mãe de vinte e oito anos e o seu parceiro são indevidamente condenados à morte pelo assassinato de dois polícias. Sunny passou cinco anos nos corredores da morte numa solitária. A sua única tábua de salvação eram as cartas apaixonadas entre ela e Jesse, que lhe dava amor e força, ecoando a convicção de ambos de que em breve a verdade viria ao de cima. Recusou-se a perder a esperança, apesar de o sistema legal ter permitido que testemunhos falsos e um teste do polígrafo inconclusivo a condenassem, negligenciando provas escondidas e a confissão do verdadeiro assassino.

Sunny manteve a coragem e lutou para provar a sua inocência – até que em 1992 foi finalmente libertada, dezassete anos depois de a sua desgraça ter começado. Mas para Jesse foi dois anos tarde demais, pois morreu numa horrível e brutal execução que indignou todo o mundo.

A vida de Sunny Jacobs está cheia de tragédias e mesmo assim a sua história é um exemplo brilhante do triunfo de uma mulher sobre o desespero.”

“Este livro começou pelo registo dos fragmentos dilacerados e amarrotados de uma vida despedaçada em todos os papéis que eu conseguia arranjar, por vezes até em papel higiénico. Uma mistura de dor, medo, raiva, esperança, sonhos e memórias, com a centelha e o brilho ocasional do humor, tornou-se a matéria-prima a partir da qual eu me reconstruí e as circunstâncias que serviram de cadinho para forjar uma vida nova.” Sunny Jacobs

Esta é uma história que nos é contada na primeira pessoa e que nos faz reflectir sobre a pena de morte.
Ao longo da leitura do livro, Sunny dá-nos uma perspectiva de como funcionava tanto o sistema legal como as prisões nos anos 70, 80 e 90 nos Estados Unidos da América. Tudo girava à volta de política sem serem respeitados os direitos humanos, mesmo os mais básicos, como a protecção de uma criança. Eric, o filho de Sunny de apenas nove anos foi mantido num centro de detenção juvenil «(…) o Eric estava a ser espremido repetidamente em audições secretas. As mãos dele eram algemadas atrás das costas e ele era levado de noite, sem representação legal, para ser interrogado. (…)». Só dois meses depois é que os pais de Sunny conseguiram a custódia de Eric. Imagina-se o que isto causou numa criança de apenas nove anos, parecendo impossível isto ter acontecido num país em que defende a liberdade e dos direitos humanos, e somente à trinta e seis anos atrás.

É impossível não nos identificarmos com a Sunny, pois apesar dos vários erros que ela própria admite ao longo do livro ter cometido, como ter amado e confiado cegamente em Jesse «(…) Antes de tudo isto nos acontecer, não via para lá do meu próprio pequeno espaço. Tal como um vício, a minha vida toda era esta devoção a outra pessoa e a uma vida de sonho. Eu tinha-me entregado a isto. E as consequências vão ressoar até ao fim dos meus dias e mais além, (…). Quando nos entregamos a alguém, estamos a deitar fora o nosso livre arbítrio – e isso é um perigo e é um sinal de perigo se outra pessoa aceita isso. (…)», Sunny continua a ser uma pessoa normal, de uma família burguesa que facilmente podia ser uma de nós se tivéssemos feito as escolhas erradas.

Não se consegue entender como é possível não haver um mínimo de imparcialidade nos julgamentos (Jesse e Sunny tiveram julgamentos separados) em que os advogados de defesa eram corruptos, o juiz um ex-polícia que não conseguia garantir a imparcialidade, e o advogado de acusação influenciava e coagia testemunhas, arranjava testemunhos falsos, ocultava provas (como o depoimento de Rhodes, o verdadeiro assassino, em que dizia que tinha sido ele a matar os policias), a deturpação de provas. Tudo isto para ganhar as eleições como advogado estadual.

Um livro que nos conta uma história trágica e apesar de a escrita não ser das mais fluidas e empolgantes, a história consegue nos prender às páginas do livro e leva-nos a reflectir sobre a questão da pena de morte, e quantos mais presos não foram e não serão ainda executados apesar de inocentes.